Contra diversas previsões e vontades (inclusive a deste escriba), Donald Trump ganhou a eleição presidencial norte-americana. Depois de conquistar visibilidade inédita com um discurso absolutamente não convencional, recheado de afirmações bombásticas que caberiam muito mais numa conversa de boteco do que num palanque eleitoral, ele atraiu os inconformados com a mesmice prometendo tornar realidade as fantasias ocultas (ou nem tanto) da maioria do eleitorado.
Piadas prontas, impactos políticos e econômicos à parte, o que o PR e a Comunicação Corporativa podem aprender com o fenômeno Trump? Para dar iniciar a este debate, que deve durar mais do que os quatro anos de seu mandado (imaginando que será apenas um…), apontamos 6 lições e uma constatação que merecem a atenção de comunicadores e marqueteiros:
Lição 1: O Público Cansou da Mesmice – Provavelmente a mais evidente de todas. E que deve ser levada para além da política. Num ambiente marcado por excesso de informações e onde a aplicação de fórmulas prontas guia boa parte dos discursos, nem sempre o caminho seguro, ‘testado e aprovado’, ou “politicamente correto” é o vencedor. Pode ser apenas mais do mesmo e não cativar ninguém.
Lição 2: Pesquisas nem Sempre Captam a Verdade – Institutos sérios como o Ipsos estão tentando entender o que aconteceu nos EUA. O que alguns analistas dizem é que muitos eleitores, envergonhados, simplesmente se omitiram sobre sua real decisão. Mas o ponto que fica é que, desculpem, não existe previsibilidade. Temos que nos acostumar com o risco.
Lição 3: Ganha Pontos quem tem Opinião – O tempo para os mornos acabou. É preciso se posicionar. E perder o medo de não ser amado por todos. Ninguém é. Hoje a coragem de defender uma causa, uma visão de mundo (mesmo que seja minoritária ou radical) é um valor em si.
Lição 4: Não Subestime o Nicho – Enquanto, durante anos, o marketing político direcionou o discurso e a comunicação dos candidatos para o denominador comum da opinião pública (ao ponto que muitos não viam mais diferença substancial entre as posições de políticos adversários nos EUA), Trump mirou no público que estava fora do consenso (assim como o quase candidato democrata Bernie Sanders). Alimentou, engajou e transformou esse nicho em maioria. E ganhou a eleição.
Lição 5: Fale (e seja) o que seu Público Entende – Exagerado e cafona, populista, exibido. Trump soube se vender e vender sua mensagem e suas promessas. Como Obama havia feito com o Yes We Can, Trump (e sua equipe) criaram e repetiram a exaustão bordões como o Make America Great Again. Mais do que isso, independente de qualquer juízo de valor, Trump materializou o sonho e os desejos de seu público. Se conectou com ele. Se tornaram um só (para desespero dos que votaram contra ele, quero dizer, em sua oponente).
Lição 6: A Polêmica pode ser Popular – O livro sagrado das certezas preconiza que a polémica é uma estratégia de comunicação que deve ser usada por quem tem pouco ou nada a perder. É para os nanicos, os outsiders. Era. Trump levou a Polêmica com P maiúsculo, do tipo ame ou odeie, ao debate global. E (infelizmente) ganhou. Ponto.
Ok. Na verdade não sabemos se Trump é um gênio da comunicação e da estratégia ou um idiota com muita sorte (ou uma mistura dos dois). E, ao menos nós aqui na Engaje!, não concordamos com 90% de suas afirmações, posturas e posições. Mas a verdade é que, de caso pensado ou não, ele acertou no alvo. A constatação que fica é que o momento pede novas e ousadas posturas de marcas que querem vencer. Para engajar, é preciso ser agente de transformação, de mudança. Propósito autêntico e ação. Você vai esperar 2017 chegar para agir?
Imagem de Gage Skidmore via Flickr
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