Pregar aquilo que não se vive é fator importante para a cultura do cancelamento
Não é de hoje que o conceito de reputação começou. Desde os anos 50 as marcas que tinham a melhor publicidade ganhavam os corações dos compradores e ainda levavam a melhor quando se tratava de identidade. Em pleno século XXI, não basta apenas aparecer na televisão, é preciso ir além. Construir uma identidade pode levar anos para ser reconhecida, mas para destruí-la basta uma fração de segundos.
Karol Conká é (ou foi?) uma cantora muito lembrada por lutar contra o racismo, diversidade cultural e feminicídio dentro e fora do Brasil. Sua carreira foi lançada em 2012 e chegou ao auge em 2013, com o lançamento da música Tombei. Entretanto, sua aparição recente no Big Brother Brasil 2021 tem sido alvo de críticas na internet por causa da sua postura dentro do reality. Mas será que realmente ela se arrependeu de toda suas atitudes? Como a reputação está alinhada – mesmo sem querer, na construção de uma celebridade?
Entendendo o contexto
Em menos de uma semana na casa, a cantora assediou moralmente, segundo especialistas, o ex-participante Lucas Penteado. Aos gritos, insultos e palavrões, a sister pedia para que Lucas não sentasse a mesa para almoçar junto com os outros participantes. Em determinado momento, Karol ainda disse: “Onde está seu Deus para te ajudar neste momento de loucura?” – mostrando intolerância religiosa.
Depois, brigou com a advogada Juliette, da Paraíba. A cantora a acusou de ser mal educada por nascer no Nordeste – atitude que pode ser considerada como xenófoba.
Reputação lá em baixo
Depois destes dois episódios, diversas hashtags foram criadas para pedir a expulsão da jogadora. A hashtag #ficakarol foi inventada por pessoas que não gostam da cantora e pedem para que ela permaneça no reality para ser eliminada com o máximo de rejeição na votação popular. Até mesmo figuras públicas criticaram as atitudes da artista como os cantores Projota (que inclusive é um dos parceiros musicais de Karol) e Anitta.
O cancelamento foi tão grande, que marcas parceiras da jogadora romperam contratos milionários como o canal de tv GNT que parou de exibir o programa Prazer, feminino, comandado por ela. Outras percas importantes para a carreira de Conká foram os shows cancelados no Festival Rock The Mountain e Rec-Beat.
Já nas mídias sociais, mais de mais de 400 000 usuários deixam de seguir a participante. Segundo um levantamento da Brunch para a Revista Forbes, a estimativa de prejuízo financeiro pode chegar em até R$ 5 milhões.
De canceladora para cancelada
Em menos de 10 dias de jogo, Karol Conká conseguiu perder patrocinadores, ser cancelada pelos fãs e ter sua reputação quase perdida por completo. De canceladora, que pregava em todos os shows a repudia a cultura de ódio, passou a ser cancelada, pois mostrou ser totalmente contrária aos ideais que tanto defendia. Contraditório, não?!
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